quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Atividade: Escola Ir. Maria Celeste


Cursista: Neuza Cao Costa

RELATÓRIO

A atividade sobre os classificados poéticos surgiu a partir de uma aula dada sobre anúncio, que está no livro didático que é utilizado em sala de aula, onde foi trabalhado que o anúncio estimula desejos de consumo ou de mudança de hábitos.

Como havíamos trabalhado o verbo no modo imperativo, conotação, denotação e figuras de linguagem, quando foi sugerido um trabalho do AAA3, vi que os classificados cabiam direitinho para se trabalhar esses conceitos e fazer com que os alunos trabalhassem a produção de textos a partir desses conceitos.

Nos classificados comerciais trabalhamos com os verbos no modo imperativo e com uma linguagem clara e objetiva, pois o objetivo desse tipo de texto é fazer o leitor se interessar pelo produto anunciado.

Essa atividade sobre classificados poéticos foi trabalhada em três aulas. Na primeira aula sobre classificados levei para sala de aula o texto abaixo retirado do AAA3:

Foram feitos questionamentos referente à linguagem utilizada, que tipo de leitor queria atingir, qual o objetivo da mensagem, etc.

Nesta aula foram produzidos alguns classificados do tipo:

Vende-se uma casa de alvenaria com dois banheiros, três quartos, sala, cozinha e garagem. Ótima localização. Interessados tratar com Juliano 8484-2032

Foram feitos alguns classificados engraçados do tipo:

Troca-se um cachorro pit bull por um par de muletas.

Tratar com João Perneta, 3541-3326

Além do texto do AAA3 foi levado para os alunos alguns recortes de classificados para ajudá-los na compreensão desse tipo de texto e em suas produções.

Na segunda aula, fiz cópia dos textos abaixo e distribui para todos os alunos. Fizemos leituras expressivas dos textos e os alunos comentaram que não se podia vender aquelas coisas que o texto descrevia. Entrava aí a subjetividade do texto literário.

Anúncio de Zoornal I

Troca-se galho d’árvore

novo em folha, vista pra mata

por um cacho de banana

da terra, nanica ou prata.

CAPARELLI, Sérgio. Come-vento. Porto Alegre: L&PM, 1988. p. 11.

Criando classificados

Atenção! Compro gavetas,

compro armários,

cômodas e baús.

Preciso guardar minha infância,

os jogos de amarelinha,

os segredos que me contaram

lá no fundo do quintal.

Preciso guardar minhas lembranças,

as viagens que não fiz,

ciranda cirandinha

e o gosto de aventura

que havia nas manhãs.

Preciso guardar meus talismãs

o anel que tu me deste,

o amor que tu me tinhas

e as histórias que eu vivi.

MURRAY, Roseana. Classificados poéticos.

Belo Horizonte: Miguilim, 1987. p. 6.

Nestes textos também foram feitas perguntas referente ao tipo de linguagem, a quem o texto se destinava, se era um anúncio comercial, se era poesia, etc.

Nesta aula trabalhamos a subjetividade desse tipo de texto que é o inverso da objetividade encontrada nos classificados tradicionais.

Foram feitos alguns classificados tendo como exemplos os classificados acima. Nessa aula fizemos a leitura de algumas das produções feitas pelos alunos, foram poucas, pois poucos haviam participado. Pude notar que quando estávamos falando de classificados comerciais os alunos ficaram mais soltos, escreveram mais, porém meu objetivo era fazê-los entrar no mundo da poesia, da subjetividade e insisti para que na próxima aula houvesse mais produção. Pedi aos alunos que não mexessem em seus textos em casa, que iríamos trabalhar os textos em sala na próxima aula.

Na terceira e última aula levei mais alguns classificados literários e fiz a leitura para eles, teci alguns comentários sobre as aulas anteriores, escrevi algumas dicas no quadro e pedi que eles fizessem suas produções e que agora era para valer. Queria ver a obra final e que iria expor em um cartaz na sala. Em menos de dez minutos alguns já trouxeram para mim suas produções, outros nem tinham começado, outros ainda diziam que não sabiam fazer. Pedi para que alguns alunos lessem a produção do outro e a partir daí, alguns, não queriam mais parar de escrever e queriam que todas fossem lidas e pregadas no cartaz. Pude notar que alguns alunos que, geralmente, não produzem quase nada tiveram um bom desempenho nesta atividade e foram mais participativos.

Notei que eles gostaram da importância que foi dado aos seus trabalhos, que gostaram de expor e de fazer as leituras de suas próprias produções.

Obs: não foi oferecida nota (ponto) por este trabalho e no início todos perguntavam quanto valia e eu respondia “vale a glória de ver seu trabalho divulgado, pois tudo que é bem feito merece ser visto” eles riam e diziam “sem ponto não dá”!

No final houve boas e mais produções do que eu esperava.

Abaixo seguem imagens dos alunos fazendo a leituras dos textos produzidos por eles.

Guajará-Mirim, 10 de setembro de 2009.


CLASSIFICADOS POÉTICOS

Procura-se um sorriso sincero e alegre

Que possa causar em nossos corações

Um pequeno sentimento chamado esperança

Que possa causar em nossas vidas

Um pequeno poema chamado lembrança.

Procura-se um sorriso

Que desperte em meu ser

A vontade de viver,

Que me faça feliz

E nunca me deixe sofrer.

Gleidson Rangel

Compro lembranças de sua infância

Porque as minhas foram roubadas

Por um monstro no armário;

Por isso sou cheio de tristeza e solidão

Preciso urgentemente de infância

No meu coração.

Compro lembranças,

Pedaços de infância felizes

Para duas crianças

Que necessitam de segurança.

Danilo Moreira

Vende-se uma maçã do amor

Com todo amor do mundo

Com recheio de chocolate branco

Com cheiro de amor profundo

Onde encontrar?

Situado na esquina dos sonhos,

Frente com amor perfeito e

Fundo com amor infinito.

Aluga-se um lugar

Onde se possa montar um bazar

Para atender aos mais variados desejos!

Lá poderá encontrar

Um farol em alto mar e

Dele fazer sua secreta morada!

Um pouco de tudo terá esse bazar

Quem quiser participar

Precisa apenas sonhar.

Gleidson Rangel

Procuro um lugar na terra

Que tenha paz e não exista guerra

Que tenha alegria e nada de agonia

Que só exista amizade e

Nada de falsidade

Procuro um lugar assim

Se tiver, por menor que seja

Estará bom pra mim.

Erik Castro

Troca-se um coração partido e

Cansado de sofrer

Por um pouco de carinho e amor.

Lembre-se: se você tiver um minuto de carinho

E uma gota de amor

Adote um coração magoado

Que precisa de calor.

Troco um amor roubado

Por um amor concedido

Um amor verdadeiro como de um amigo

Troco um amor bandido

Pelo amor de uma amizade,

Amor de um amigo

Onde prevaleça a verdade.

Chega de amor bandido!

Preciso de um amor sincero,

Puro, fiel e verdadeiro!

É só esse amor que quero.

Wanderson Olinda

Vende-se um coração

Cheio de amor pra dar,

Cheinho de carinho,

Tenho certeza você

Vai se encantar.

Encontra-se em ótimo estado

De conservação.

Quanto tem que pagar?!

Você só tem que a ele amar!

Atenção!! Atenção!!

Procura-se um coração apaixonado,

Que saiba ouvir a cor do canto dos pássaros,

Ouça música no bater das asas da borboleta,

Que saiba amar ao branco,

Ao preto, ao azul e até ao violeta.

Um coração assim tá difícil de achar

Já procurei nas florestas e até no mar,

Mas sei que um dia hei de encontrar.

Procura-se um coração apaixonado

Que o dono saiba amar

Tenha olhos verdes ou azuis

Como as florestas ou o mar.

Procura-se um amigo

Que seja companheiro,

Ajude-me a encontrar a paz

E me tire do caminho da guerra,

Que saiba sonhar e

Traga alegria

Para essa terra.

Maria Luisa

Procura-se um lugar na terra

Onde se possa encontrar

Amor, paz, alegria e paixão;

Um paraíso de sonhos, mas sem ilusões,

Que faça sentir no peito um amor sem tensão;

Um lugar de felicidade e de cumplicidade

Onde um saiba dizer pro outro

O quanto o amor é de verdade.

Vende-se uma casa

Na rua do amor

Na cidade do beijo

No estado do coração

Na esquina da felicidade

Número dos sonhadores

Tratar: com prisioneira da ilusão.

Patrícia

Procura-se um lugar na terra

Onde haja amor, paz e gratidão

Onde eu receba um obrigado

Por um aperto de mão,

Onde mesmo que tudo tenha um preço

Que seja bem baratinho,

Leve como um carinho,

Mesmo que exista a saudade,

Não exista solidão,

Pois a saudade é boa

Fala de coisas que queremos que volte

Já a solidão...

No lugar que procuro

Não tem vez não.

Troco um amor bandido

Pelo amor de um amigo

Que saiba o que é sinceridade,

Amor e gratidão

Ei gente!!!

Preciso muito de um amigão!

Luana Cristina

Vendo uma chuteira sem trava

Que muitos gols praticou,

Traz lembranças de uma infância

Que um adulto levou.

Autor desconhecido





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