Cursista: Neuza Cao Costa
RELATÓRIO
A atividade sobre os classificados poéticos surgiu a partir de uma aula dada sobre anúncio, que está no livro didático que é utilizado em sala de aula, onde foi trabalhado que o anúncio estimula desejos de consumo ou de mudança de hábitos.
Como havíamos trabalhado o verbo no modo imperativo, conotação, denotação e figuras de linguagem, quando foi sugerido um trabalho do AAA3, vi que os classificados cabiam direitinho para se trabalhar esses conceitos e fazer com que os alunos trabalhassem a produção de textos a partir desses conceitos.
Nos classificados comerciais trabalhamos com os verbos no modo imperativo e com uma linguagem clara e objetiva, pois o objetivo desse tipo de texto é fazer o leitor se interessar pelo produto anunciado.
Essa atividade sobre classificados poéticos foi trabalhada em três aulas. Na primeira aula sobre classificados levei para sala de aula o texto abaixo retirado do AAA3:
Foram feitos questionamentos referente à linguagem utilizada, que tipo de leitor queria atingir, qual o objetivo da mensagem, etc.
Nesta aula foram produzidos alguns classificados do tipo:
Foram feitos alguns classificados engraçados do tipo:
Troca-se um cachorro pit bull por um par de muletas.
Tratar com João Perneta, 3541-3326
Além do texto do AAA3 foi levado para os alunos alguns recortes de classificados para ajudá-los na compreensão desse tipo de texto e em suas produções.
Na segunda aula, fiz cópia dos textos abaixo e distribui para todos os alunos. Fizemos leituras expressivas dos textos e os alunos comentaram que não se podia vender aquelas coisas que o texto descrevia. Entrava aí a subjetividade do texto literário.
Anúncio de Zoornal I
Troca-se galho d’árvore
novo em folha, vista pra mata
por um cacho de banana
da terra, nanica ou prata.
CAPARELLI, Sérgio. Come-vento. Porto Alegre: L&PM, 1988. p. 11.
Criando classificados
Atenção! Compro gavetas,
compro armários,
cômodas e baús.
Preciso guardar minha infância,
os jogos de amarelinha,
os segredos que me contaram
lá no fundo do quintal.
Preciso guardar minhas lembranças,
as viagens que não fiz,
ciranda cirandinha
e o gosto de aventura
que havia nas manhãs.
Preciso guardar meus talismãs
o anel que tu me deste,
o amor que tu me tinhas
e as histórias que eu vivi.
MURRAY, Roseana. Classificados poéticos.
Belo Horizonte: Miguilim, 1987. p. 6.
Nestes textos também foram feitas perguntas referente ao tipo de linguagem, a quem o texto se destinava, se era um anúncio comercial, se era poesia, etc.
Nesta aula trabalhamos a subjetividade desse tipo de texto que é o inverso da objetividade encontrada nos classificados tradicionais.
Foram feitos alguns classificados tendo como exemplos os classificados acima. Nessa aula fizemos a leitura de algumas das produções feitas pelos alunos, foram poucas, pois poucos haviam participado. Pude notar que quando estávamos falando de classificados comerciais os alunos ficaram mais soltos, escreveram mais, porém meu objetivo era fazê-los entrar no mundo da poesia, da subjetividade e insisti para que na próxima aula houvesse mais produção. Pedi aos alunos que não mexessem em seus textos em casa, que iríamos trabalhar os textos em sala na próxima aula.
Na terceira e última aula levei mais alguns classificados literários e fiz a leitura para eles, teci alguns comentários sobre as aulas anteriores, escrevi algumas dicas no quadro e pedi que eles fizessem suas produções e que agora era para valer. Queria ver a obra final e que iria expor em um cartaz na sala. Em menos de dez minutos alguns já trouxeram para mim suas produções, outros nem tinham começado, outros ainda diziam que não sabiam fazer. Pedi para que alguns alunos lessem a produção do outro e a partir daí, alguns, não queriam mais parar de escrever e queriam que todas fossem lidas e pregadas no cartaz. Pude notar que alguns alunos que, geralmente, não produzem quase nada tiveram um bom desempenho nesta atividade e foram mais participativos.
Notei que eles gostaram da importância que foi dado aos seus trabalhos, que gostaram de expor e de fazer as leituras de suas próprias produções.
No final houve boas e mais produções do que eu esperava.
CLASSIFICADOS POÉTICOS
Procura-se um sorriso sincero e alegre
Que possa causar em nossos corações
Um pequeno sentimento chamado esperança
Que possa causar em nossas vidas
Um pequeno poema chamado lembrança.
Procura-se um sorriso
Que desperte em meu ser
A vontade de viver,
Que me faça feliz
E nunca me deixe sofrer.
Gleidson Rangel
Compro lembranças de sua infância
Porque as minhas foram roubadas
Por um monstro no armário;
Por isso sou cheio de tristeza e solidão
Preciso urgentemente de infância
No meu coração.
Compro lembranças,
Pedaços de infância felizes
Para duas crianças
Que necessitam de segurança.
Danilo Moreira
Com todo amor do mundo
Com recheio de chocolate branco
Com cheiro de amor profundo
Onde encontrar?
Situado na esquina dos sonhos,
Frente com amor perfeito e
Fundo com amor infinito.
Onde se possa montar um bazar
Para atender aos mais variados desejos!
Lá poderá encontrar
Um farol em alto mar e
Dele fazer sua secreta morada!
Um pouco de tudo terá esse bazar
Quem quiser participar
Precisa apenas sonhar.
Gleidson Rangel
Procuro um lugar na terra
Que tenha paz e não exista guerra
Que tenha alegria e nada de agonia
Que só exista amizade e
Nada de falsidade
Procuro um lugar assim
Se tiver, por menor que seja
Estará bom pra mim.
Erik Castro
Troca-se um coração partido e
Cansado de sofrer
Por um pouco de carinho e amor.
Lembre-se: se você tiver um minuto de carinho
E uma gota de amor
Adote um coração magoado
Que precisa de calor.
Troco um amor roubado
Por um amor concedido
Um amor verdadeiro como de um amigo
Troco um amor bandido
Pelo amor de uma amizade,
Amor de um amigo
Onde prevaleça a verdade.
Chega de amor bandido!
Preciso de um amor sincero,
Puro, fiel e verdadeiro!
É só esse amor que quero.
Wanderson Olinda
Vende-se um coração
Cheio de amor pra dar,
Cheinho de carinho,
Tenho certeza você
Vai se encantar.
Encontra-se em ótimo estado
De conservação.
Quanto tem que pagar?!
Você só tem que a ele amar!
Atenção!! Atenção!!
Procura-se um coração apaixonado,
Que saiba ouvir a cor do canto dos pássaros,
Ouça música no bater das asas da borboleta,
Que saiba amar ao branco,
Ao preto, ao azul e até ao violeta.
Um coração assim tá difícil de achar
Já procurei nas florestas e até no mar,
Mas sei que um dia hei de encontrar.
Procura-se um coração apaixonado
Que o dono saiba amar
Tenha olhos verdes ou azuis
Como as florestas ou o mar.
Procura-se um amigo
Que seja companheiro,
Ajude-me a encontrar a paz
E me tire do caminho da guerra,
Que saiba sonhar e
Traga alegria
Para essa terra.
Maria Luisa
Procura-se um lugar na terra
Onde se possa encontrar
Amor, paz, alegria e paixão;
Um paraíso de sonhos, mas sem ilusões,
Que faça sentir no peito um amor sem tensão;
Um lugar de felicidade e de cumplicidade
Onde um saiba dizer pro outro
O quanto o amor é de verdade.
Vende-se uma casa
Na rua do amor
Na cidade do beijo
No estado do coração
Na esquina da felicidade
Número dos sonhadores
Tratar: com prisioneira da ilusão.
Patrícia
Procura-se um lugar na terra
Onde haja amor, paz e gratidão
Onde eu receba um obrigado
Por um aperto de mão,
Onde mesmo que tudo tenha um preço
Que seja bem baratinho,
Leve como um carinho,
Mesmo que exista a saudade,
Não exista solidão,
Pois a saudade é boa
Fala de coisas que queremos que volte
Já a solidão...
No lugar que procuro
Não tem vez não.
Troco um amor bandido
Pelo amor de um amigo
Que saiba o que é sinceridade,
Amor e gratidão
Ei gente!!!
Preciso muito de um amigão!
Luana Cristina
Vendo uma chuteira sem trava
Que muitos gols praticou,
Traz lembranças de uma infância
Que um adulto levou.
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